Categorias da Dor Crônica
Dor Aguda x Dor Crônica
A dor aguda é uma resposta imediata do corpo a uma lesão específica, como um corte, fratura ou queimadura. Ela serve como um alerta de que algo está errado, ajudando a proteger o corpo de mais danos. A dor aguda geralmente desaparece quando a lesão cicatriza. Em contraste, a dor crônica é uma experiência sensorial e emocional desagradável que persiste por mais de três meses, mesmo após a lesão inicial ter sido tratada. Essa condição pode surgir de diversas fontes e é mais comum entre mulheres, pessoas de origens socioeconômicas mais baixas, veteranos militares e residentes de áreas rurais.
Categorias da Dor Crônica
Existem várias categorias de dor crônica, cada uma com características distintas:
Dor Nociceptiva
A dor nociceptiva é a forma mais comum de dor crônica e é definida pela Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) como “dor que surge de dano real ou potencial ao tecido não neural e é devido à ativação de nociceptores”. As causas incluem doenças degenerativas como osteoartrite, traumas como queimaduras e rupturas musculares, espasmos musculares e patologias viscerais como úlceras e cálculos renais.
Dor Neuropática
A dor neuropática compreende aproximadamente 15-25% dos casos de dor crônica e é definida pela IASP como “dor causada por uma lesão ou doença do sistema nervoso somatossensorial”. Os impulsos de dor são gerados por danos ou disfunções no sistema nervoso periférico (dor neuropática periférica) ou no sistema nervoso central (dor neuropática central). Esses impulsos causam dor na área inervada e déficits sensoriais. A localização desses sintomas deve seguir um padrão neurológico, e a dor neuropática pode ser generalizada ou localizada, dependendo da causa.
As causas de dor neuropática incluem neuralgia pós-herpética, neuropatia diabética, acidente vascular cerebral e doenças neurodegenerativas. Além disso, a dor neuropática está geralmente associada a anormalidades sensoriais, como dormência, alodinia (dor causada por estímulos que normalmente não causam dor) e episódios de dor intensa.
Dor Nociplástica
A dor nociplástica foi recentemente reconhecida como a terceira categoria da dor. A IASP define dor nociplástica como “dor que surge da nocicepção alterada, apesar de não haver evidência clara de dano tecidual real ou potencial que cause a ativação de nociceptores periféricos ou evidência de doença ou lesão do sistema somatossensorial que causa a dor”. Os sintomas manifestam-se como dor generalizada pelo corpo, frequentemente acompanhada de fadiga, alterações do sono, cognição e humor, além de hipersensibilidade multissensorial. Pessoas com condições nociplásicas geralmente apresentam dor desproporcional à patologia presente, e muitas vezes imprevisível, piorando ou diminuindo em resposta a múltiplos fatores inespecíficos.
A dor nociplástica é causada por condições como fibromialgia, cistite intersticial, síndrome do intestino irritável, dor lombar crônica, dor de cabeça tensional, enxaqueca e disfunção temporomandibular. A Classificação Estatística Internacional de Doenças de 2019 caracteriza essas condições como “dor primária”, onde a dor é o problema principal e não uma consequência de outra doença. Evidências sugerem que a dor nociplástica é causada principalmente pelo processamento anormal da dor no sistema nervoso central, embora fatores periféricos também possam influenciar.
Categorias da dor crônica e suas principais causas
Além disso, há um reconhecimento crescente de que muitas condições de dor, especialmente em casos de câncer e dor na coluna, apresentam um fenótipo de dor mista, não se enquadrando perfeitamente em uma única categoria. Isso pode explicar por que anti-inflamatórios não esteroidais, eficazes na dor nociceptiva, às vezes melhoram a dor neuropática. Embora o conceito de dor mista seja cada vez mais reconhecido, o termo ainda está ausente na terminologia da IASP.
Independentemente da categoria, a TechPain é capaz de facilitar o monitoramento da dor com o objetivo de melhorar a avaliação clínica e o acompanhamento com o profissional de saúde. Ao oferecer ferramentas avançadas para registrar e analisar os padrões de dor dos pacientes, a TechPain contribui para um tratamento mais eficaz e personalizado, promovendo uma melhor qualidade de vida para aqueles que sofrem de dor crônica.
Referências
BONEZZI, Cesare et al. Not all pain is created equal: basic definitions and diagnostic work-up. Pain and therapy, v. 9, n. Suppl 1, p. 1-15, 2020.
COHEN, Steven P.; VASE, Lene; HOOTEN, William M. Chronic pain: an update on burden, best practices, and new advances. The Lancet, v. 397, n. 10289, p. 2082-2097, 2021.
DYDYK AM, CONERMANN T. Chronic Pain. In: StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2024 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK553030/
KAPLAN, Chelsea M. et al. Deciphering nociplastic pain: clinical features, risk factors and potential mechanisms. Nature Reviews Neurology, p. 1-17, 2024.
RAJA, Srinivasa N. et al. The revised International Association for the Study of Pain definition of pain: concepts, challenges, and compromises. Pain, v. 161, n. 9, p. 1976-1982, 2020.